Eu sorrio.
Eu permaneço estático.
Eu finjo o sentimento feliz.
Ele mora em mim.
Sinto felicidade, mas as vezes me dói
Eu não entendo, nunca entendi, jamais.
Mas Ele entende, sim, Ele.
O ser frio e obscuro de dentro.
Ele é quem diz saber, mas não sabe.
Eu sei, só não compreendo.
Eu vivo, revivo, morro e ressurjo.
Mas só Ele sabe, pois é o culpado de minhas dores.
Ele é quem me faz sentir tudo aquilo que ouso,
tudo aquilo que arde e não sangra.
O que sangra e não dói.
O que dói e não sinto.
Mas fere.
O fardo é meu, já que Ele sou eu.
Mas não o eu que conheço, ou que me permito conhecer.
O eu interior, atormentador que me assusta,
que por vezes me impede de seguir.
Talvez ele seja só o câncer que se alimenta do medo que mantenho por dentro.
Talvez alguém que me atormenta, ou que penso existir.
Às vezes ele corrói, e tenta ser maior que eu.
Acho que tenta se libertar, ou tomar conta de mim por completo,
mas tenho minhas pílulas contra dores assim, sei como usá-las.
Ele adormece, e eu vivo.
Sou feliz.