sábado, 3 de setembro de 2011

Anceio


Minhas caminhadas já não fazem mais o mínimo sentido desde que minha luz se foi. Naquela noite, em meu peito o medo eu guardei. Segui o rastro do sangue que escorrera por meus lábios ao ironicamente dizer adeus. E cá estou, a refletir sobre meus próprios devaneios, sobre suas palavras e meus erros. Mas nada faz parar, tudo só faz continuar.
E só agora, percebo que nem ao menos permiti a mim mesmo tentar viver. Prendi-me aos espinhos e aos cravos, rasguei minhas veias e fulminei o amor que fluiu. Matei as rosas e espantei a felicidade. Pra longe, aonde eu não mais possa ver. Pra junto de ti.
Minhas canções hoje fazem sentido, e a cada instante morro um pouco mais. Matando-me a cada verso, queimando como ferro em brasa, como o amor que outrora senti. Sentimento assaz verdadeiro. Lubrificado pelo brilho da saudade incessante e incomensurável de teus lábios. De tua vida. De ti.
E só agora, tão tarde, momento em que não mais posso viver. Instantes antes de partir, em contraponto ao último suspiro, meus lábios ergueram-se em um sorriso afável e límpido. Sem medo, sem revolta nem rancor. Apenas lembranças. Imagens já vistas, momentos já vividos, e palavras já proferidas, porém algo que insiste em renovar-se. Algo que parece-me sempre contagiante a ponto de fazer-me tremular com ânsia de ter.
Você.

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