sábado, 3 de setembro de 2011

Berros


Esta noite parece-me tão irreal, de tal diferencial que penso há muito estar sonhando. Meus passos mal posso sentir, porém em meus cabelos o vento se debate, e a forte brisa faz-me fechar os olhos, trazendo de volta tempos que já havia esquecido.
Em contra partida posso sentir o fervor das lágrimas atravessarem com ânsia as pestanas que insistem em tremular. Neste momento o inigualável brilho da lua parece derreter entre as nuvens, tornando a magnífica paisagem em singelos borrões de tinta negra, e meus lábios desfrutam involuntariamente o salgado sabor das doloridas lembranças. Quanto mais tento fechar os olhos para não enxergar, mais fortes são seus sussurros em meus ouvidos, como se quisesse matar-me aos poucos, dilacerando e corroendo cada fibra que ainda resta em meu coração. Tão incomunal é a dor, que parece nunca ter fim. Porém no fundo algo parece incontrolavelmente berrar por socorro, como se as ataduras não fossem mais suportar o peso da saudade. 

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