terça-feira, 1 de outubro de 2013

Câncer


Queda

Sentira as mãos escorrerem pelas grades, sentiu a ferrugem correr pelos dedos ao cair.
Separou os lábios e permitiu que a fumaça saísse, encontrasse o ar que necessitava respirar.
Os joelhos chocaram-se ao chão e de longe ouviu-se o estalar dos ossos, rompendo com os ligamentos e sentimentos ininterruptos que explodiam e congelavam por dentro, enquanto o corpo fervia em febre.
Não soube se o eco eram do choro ou das vozes incessantes.
Não soube se a água que escorria pelo rosto eram lágrimas ou gotas da chuva, da tempestade que se fez.
Na dor se fez o tremular e o suspirar.

E se não suportasse mais?
E se não fosse mais assim?
Se o céu fosse coberto por um manto preto?
Se não houvesse depois?

Questionou-se demais.
Nada se fez.
E então, despencou.