Eu percebi que não posso viver sem respirar,
mas já senti o coração parar
e nem que eu tente, nem mil gestos e palavras irão mudar o que o medo faz.
A dor que corrói, e a ira que destrói.
O vento que na cara bate como um tapa,
nem as lágrimas que sujam o corpo com a alma imunda e impura.
O elo que mesmo trincado insiste em permanecer.
E tudo pra quê?
Não sei dizer, mas os gritos no escuro dizem que é algo de dentro,
como uma máquina que comanda todo o sistema e faz persistir.
Percebi que posso viver sem sentir,
mas a verdade não me deixa mentir,
e nem que eu queira as cicatrizes não vão curar,
nem a pele parar de sangrar,
nem a voz que ecoa, e a promessa que magoa.
A noite que voa, e a morte que chega sem avisar.
Nem a faca que o peito atravessa e insiste em queimar.
No fim é sempre assim...
Por fim as vozes se silenciam, a dor passa, o corpo esfria, o sangue seca, a alma limpa, o medo se esvai. A máquina vence outra vez, o ar volta e tudo fica bem.
Até que o ponteiro volte ao início.
Nenhum comentário:
Postar um comentário