-Porque me trazes aqui?
-Vim lhe servir da vida a poção mais doce.
-E de que me serve se já não tenho paladar?
-O gosto é sinestésico, se sente na boca e na alma.
-E de que me adianta se por dentro estou morto?
-Servirá de elixir da vida, te trará de volta o ar.
-E de que me adianta ar pra respirar se não há mais força para suportar?
-O ar te trará a força da terra em que você cairá.
-Mas força de nada me importa se não há fervor.
-A luz do sol te trará fervor, e o brilho da lua o desejo de amar outra vez.
-Amor? Como se permaneço incompleto?
-Completar-se irá ao abrir os olhos.
-Entendo. Mas afinal, a quem me dirijo a palavra?
-Sou o hoje, o amanhã e o sempre. O que lhe permito chamar de coração.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Câncer
Queda
Sentira as mãos escorrerem pelas grades, sentiu a ferrugem correr pelos dedos ao cair.
Separou os lábios e permitiu que a fumaça saísse, encontrasse o ar que necessitava respirar.
Os joelhos chocaram-se ao chão e de longe ouviu-se o estalar dos ossos, rompendo com os ligamentos e sentimentos ininterruptos que explodiam e congelavam por dentro, enquanto o corpo fervia em febre.
Não soube se o eco eram do choro ou das vozes incessantes.
Não soube se a água que escorria pelo rosto eram lágrimas ou gotas da chuva, da tempestade que se fez.
Na dor se fez o tremular e o suspirar.
E se não suportasse mais?
E se não fosse mais assim?
Se o céu fosse coberto por um manto preto?
Se não houvesse depois?
Questionou-se demais.
Nada se fez.
E então, despencou.
Sentira as mãos escorrerem pelas grades, sentiu a ferrugem correr pelos dedos ao cair.
Separou os lábios e permitiu que a fumaça saísse, encontrasse o ar que necessitava respirar.
Os joelhos chocaram-se ao chão e de longe ouviu-se o estalar dos ossos, rompendo com os ligamentos e sentimentos ininterruptos que explodiam e congelavam por dentro, enquanto o corpo fervia em febre.
Não soube se o eco eram do choro ou das vozes incessantes.
Não soube se a água que escorria pelo rosto eram lágrimas ou gotas da chuva, da tempestade que se fez.
Na dor se fez o tremular e o suspirar.
E se não suportasse mais?
E se não fosse mais assim?
Se o céu fosse coberto por um manto preto?
Se não houvesse depois?
Questionou-se demais.
Nada se fez.
E então, despencou.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
O dia em que a dor se tornou constante
Tamanha a perda, que o fez gritar em silêncio, sofrer em demasia a ponto de sentir os órgãos explodirem por dentro, e não mais sentir o ar em seus pulmões.
O tilintar das gotas na varanda fazia o tempo andar devagar e com caltela.
O uivar dos ventos eram fortes o bastante para fazê-lo tremer, e mesmo com as janelas fechadas era possível perceber a tempestade lá fora.
As paredes eram tão frias que não podiam mantê-lo aquecido. Não havia lareira, nem mesmo uma fogueira ou aquecedor, somente a dor que ardia e queimava sem fim.
A beira de um abismo, o corpo suplicava por clamor. Era insuportável aguardar uma resposta que poderia fazê-lo feliz, mas ao passar dos dias trazer a imensurável dor novamente.
Não queria perder a vida outra vez, queria ganhar e vê-la crescer ao passar dos dias.
Era sóbrio, mas parecia ludibriado com tudo o que se passava.
Só queria a paz, mesmo que não pudesse ter de volta o que se foi, mas estar só com os pesares e o apego para superar. Só uma pessoa o faria assim, mas ela também sofria.
O tilintar das gotas na varanda fazia o tempo andar devagar e com caltela.
O uivar dos ventos eram fortes o bastante para fazê-lo tremer, e mesmo com as janelas fechadas era possível perceber a tempestade lá fora.
As paredes eram tão frias que não podiam mantê-lo aquecido. Não havia lareira, nem mesmo uma fogueira ou aquecedor, somente a dor que ardia e queimava sem fim.
A beira de um abismo, o corpo suplicava por clamor. Era insuportável aguardar uma resposta que poderia fazê-lo feliz, mas ao passar dos dias trazer a imensurável dor novamente.
Não queria perder a vida outra vez, queria ganhar e vê-la crescer ao passar dos dias.
Era sóbrio, mas parecia ludibriado com tudo o que se passava.
Só queria a paz, mesmo que não pudesse ter de volta o que se foi, mas estar só com os pesares e o apego para superar. Só uma pessoa o faria assim, mas ela também sofria.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Nada além
Quem diria que duvidaria do certo e encontraria o
incerto pelo caminho? Quem diria que se sentiria sozinho em meio a multidão?
Que o frio seria maior? Que a vida seria sofrida, mas tão apegada àquele?
E quem diria que o medo seria o companheiro mais fiél?
O amor um desamor, e as mãos um afeto?
Como poderia ser tão inseguro, sendo que eis a
resposta estampada ali no mural das memórias? Mas quem diria que seria capaz de
passar pelos dias como se não houvesse resenha alguma? Tão frágil, tão fraco.
Quem diria que do sangue tiraria as cores de seus
dias, da luz seu encanto, e no vento teu abraço? Que sentiria tanta falta, e
prazer?
Quem diria que na vida seria apenas um leigo qualquer?
Que seus gritos seriam apenas um sussurro no ouvido de quem o quer? Que seus
apelos se resumiriam a marcas secas de sangue nas paredes do segundo andar?
Quem diria que das canções os refrões seriam apenas
manchas de uma história rasgada por um sopro do próprio coração? Que o sorriso
se tornaria o motivo da felicidade própria?
Foi tão inesperado, complicado, injustificado,
sofrido, nostálgico, acolhedor...
Só queria tudo o que havia vivido, outra vez.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Não há
Você não sabe e não quer
explicar
E faz eu me perder nesse
mar de ilusões
que se tornou essa
certeza de viver.
Você tentou e fracassou,
mas me culpou,
e não culpo por julgar.
Mas a dor é bem maior e
não da pra suportar.
Eu sei que eu tentei, e
nada mais se faz.
Tudo o que não há, se
sente.
E o que sente machuca.
Perfeito Imperfeito
Você não sabe que eu
parti,
E nem de longe eu te vi.
Mas melhor assim, não me
senti.
Não senti você ouvir
quando ousei chamar teu nome.
Saiba que não ousarei
mais uma vez.
Tudo o que passou tu viu
assim como sentiu?
Pois saiba que eu soube
antes de você,
Diferença não faz, mas o
passado te fez.
O que fez, e hoje faz é
que te faz, e me faz mudar.
Assim como trás do vento
o frio que aquece no teu entardecer as palavras de amor em teus braços.
Tenha certeza de que
ainda é o que te quer, pois já me perdi de mais e não irei suportar uma última vez.
É tudo o que eu queria
viver,
É tudo o que eu desejei
sentir,
Tudo o que você nunca
quis ver, mas me permiti entrar.
Mudei e fiz mudar.
Eu nunca quis te ver
assim, nunca chorei assim.
Por isso resolvi partir,
mas na verdade nunca fui.
Na verdade sempre estive
lá
Você que não me deixou
ver...
Mas do mundo você
permanece o que eu mais quero.
A quem importar
Queria poder navegar até o
fundo da razão
Queria poder voar pra onde
eu possa me esconder
Queria sentir a compreensão
ao invés da dor do não entender
Queria poder te fazer ficar,
mesmo que agora queira partir
Queria saber que falta serei,
mesmo que não seja
Queria morrer e voltar, pra
saber a quem importo
Queria permanecer e entender
o que não faz sentido
Queria gritar bem alto pra
te fazer ouvir que me importa
sábado, 6 de abril de 2013
Fervoramor
Você roubou minha felicidade e fez dela seu sofrimento. E tudo isso dói de mais. Mas nem todo o tempo do mundo vai me fazer mudar , todas as lágrimas que escorreram cicatrizaram em mim. E não posso mudar.
Você me culpa por eu não saber, mas não me mostra o que deveria entender. Me julga por não ser, mas não tenta saber o que há por trás.
Não tenho mais forças pra continuar, estou de joelhos nas tuas palavras que cortam minha pele, e me fazem sangrar.
Não posso evitar a raiva de perceber que te perdi por não valer, saber mas não te fazer entender.
Eu juro que tentei, lutei pra demonstrar. Achei que você saberia, já que todos perceberam o meu fervor/amor por você. No fundo achei que você saberia, que não me culparia por fracassar. Mas você fez questão de me mostrar, e eu não pude entender.
Não soube o que fazer, além de sofrer.
As palavras ecoam no fundo do peito ainda gelido, calido e obscuro.
O que chamei de destino de nada valeu, se você eu não terei mais. Aceito se assim for, mas saiba que não, eu nunca quis.
Conto para você
Sentei-me ao seu lado e sem dizer nada, observei a vala cheia de bitucas de cigarro. Ele estava sentado com os cotovelos sobre os joelhos, com um cigarro entre os dedos, e o olhar firma para o horizonte distante.
O céu naquela hora era um emaranhado de cores, infestado de nuvens sobrepondo a luz do sol que partia sem dizer adeus.
Sem que eu pronunciasse palavra alguma, ele disse sem nem ao menos direcionar o rosto para mim:
- É assim que eu me sinto.
- Como? - Eu respondi, sem compreender.
Em um subto movimento, ele soltou a fumaça que guardava em sua boca.
- Como o sol, que todos os dias vem trazer sua luz, mas todos os dias as nuvens o sobrepõe, escondendo seu brilho, o deixando para trás. Como se surgir no horizonte as seis da manhã fosse um pecado imperdoável, como se seus raios de calor fossem um fardo a se carregar. Como se a lua com todo seu esplendor e elegancia o fizesse desaparecer da história da vida de todas essas pessoas que assistem de camarote o passar do dia.
Confesso que de início levei algum tempo para entender o que ele estava tentando me dizer, mas não foi dificíl perceber a metafora imbutida naquelas palavras baforadas.
Derrepente, sem que eu percebesse, ele estava imerso em lágrimas, seu rosto estava lavado com a água da alma, como se em seus olhos houvesse uma forte tempestade. Suas mãos tremiam, e só então eu compreendi as tantas latas de ceveja e os cigarros em demasia. Era um 'mau que substituía uma dor', uma 'troca de sentimentos'.
E então me pergunto se você já pensou em todas as vezes em que ele chorou sem que você soubesse, em todas as vezes em que ele se debateu para te entender, para entender seus acertos e aceitá-los como erros. Me pergunto se algum dia você realmente se importou ou foi egoísta o bastante para entender somente a sua dor, seu fervor, sua vida.
O que pensou quando ele deixou as próprias raízes para seguir as suas? Quando deixou os cortes de lado para seguir em frente? Aposto que nem sabe quantas vezes ele quebrou os dedos em diversos socos nas paredes ao invés de tratá-la mal.
Só eu sei o quanto ele é forte por aguentar, ser firme e não deixar de tentar.
Vi, presenciei o sofrimento e a dor. A vida desperdiçada em um aprendizado já ensinado, já aprendido, decorado e desfrutado.
Mas eu conto pra você, que esta história está bem ai na sua frente, esperando as reticencias saírem do foco, as vírgulas encontrarem seus devidos lugares, e o ponto final ser escrito. Pois sei que o corpo frio já não poderá mais ser aquecido, nem o coração remendado. Mas não te culpo.
Sei que essa história não é minha, sou mero espectador. Nem dele, é sua.
E de mais ninguém.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Câncer
Abrigo
E quando me machuca, eu busco ombro por dentro, em mim.
E não há lar que me faça esquecer.
E não há dor que me impeça de permanecer só.
É aqui onde busco abrigo, onde não sou expulso, nem julgado. Onde posso sangrar em paz.
Me encontro nos caminhos em que deveria me perder.
Me conheço onde deveria desconhecer.
Mas sei o antídoto que cura a dor, que domina o monstro preso as correntes do ser que se denomina eu.
As mágoas formam cicatrizes incuráveis, como golpes sem hora para acabar.
Mas não as jogo fora, as guardo em gavetas compactadas, para que sempre haja espaço para novas.
E para que um dia todas possam ser revividas, sofridas, e vencidas.
Eu como um todo, sou o que acolhe o flagelo da dor.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Sombrio
Eu sorrio.
Eu permaneço estático.
Eu finjo o sentimento feliz.
Ele mora em mim.
Sinto felicidade, mas as vezes me dói
Eu não entendo, nunca entendi, jamais.
Mas Ele entende, sim, Ele.
O ser frio e obscuro de dentro.
Ele é quem diz saber, mas não sabe.
Eu sei, só não compreendo.
Eu vivo, revivo, morro e ressurjo.
Mas só Ele sabe, pois é o culpado de minhas dores.
Ele é quem me faz sentir tudo aquilo que ouso,
tudo aquilo que arde e não sangra.
O que sangra e não dói.
O que dói e não sinto.
Mas fere.
O fardo é meu, já que Ele sou eu.
Mas não o eu que conheço, ou que me permito conhecer.
O eu interior, atormentador que me assusta,
que por vezes me impede de seguir.
Talvez ele seja só o câncer que se alimenta do medo que mantenho por dentro.
Talvez alguém que me atormenta, ou que penso existir.
Às vezes ele corrói, e tenta ser maior que eu.
Acho que tenta se libertar, ou tomar conta de mim por completo,
mas tenho minhas pílulas contra dores assim, sei como usá-las.
Ele adormece, e eu vivo.
Sou feliz.
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